Meu nome eh Marina, vivo no Brasil e tenho 18 anos. Jah cursei um ano na Universidade e agora estou passando um ano viajando. Nao sei muito bem o que quero da minha vida. Talvez, terminar minha universidade quando tiver uns 21 anos e ai conseguir um emprego. Talvez viajar pelo mundo. Talvez ir viver em Israel. E voce, o que queria ou quer fazer aos 18 anos?
Em geral nao sabemos, nao eh?
Os jovens israelenses sabem. Talvez venham a ter as mesmas duvidas aos 21, 22 ou 25 anos. Mas com 18 tem muito claro seu futuro: pelo menos 3 anos de exercito para os homens ou 2 para as mulheres. Essa realidade lhes acompanha desde sempre. Quando nascem criancas, os pais tem o costume de dizer: Quando voce crescer, nao vai mais existir exercito. Se acreditam nisso, jah eh outra historia, pois desde pequenas, as criancas sabem que vao fazer exercito e ate mesmo o que vao fazer em seu servico. Muitos passam o ultimo ano do ensino medio pensando em qual sera seu profile (numero que indica a capacidade fisica do soldado) e se conseguirao entrar na divisao que desejam, ou se poderao ser combatentes. Ouvem muito sobre os herois da guerra de 1967 e a "vitoria" de Israel. Itamar, ex-soldado combatente do exercito, conta que sempre ouviu as historias de seu pai, que foi piloto na guerra do seis dias e queria ser como ele. Esse imaginario em relacao a 1967 eh muito comum entre os israelenses, representando a supremacia de Israel e o heroismo do soldado. Por mais que a maioria dos jovens ainda carregam isso consigo, a imagem mudou nos ultimo anos na sociedade em geral.
Quando se pergunta ao soldado, depois do servico, o que pensa, a resposta pode mudar muito. Diversos soldados se consideram traumatizados, alguns dizem que sao assasinos e muitos que acreditavam que podiam mudar a realidade militar se decepcionaram. Eh o caso de Dana, que entrou na divisao de educacao do exercito pensando que "os valores que ia ensinar eram importantes e iam mudar a tzava" e hoje afirma que nao eh possivel uma melhora. A realidade eh dura demais para os soldados e nao permite atitudes individuais.
Michael quis servir como combatente mesmo sendo contra a ocupacao, para poder faze-la de forma mais humana. Hoje percebe que no exercito, todos acabam perdendo a humanidade e o sentimento, independente da ideologia que carregam. "Os de direita e os de esquerda, na hora H, sao o mesmo".
A questao talvez seja que esse tipo de mentalidade nao eh tao difundida e por isso, o ensino medio ainda eh "uma preparacao para o exercito e nao para a universidade", como afirma o representante da organizacao Profil Chadash (Novo Profile). O sonho de muitos rapazes ainda eh ser combatente e de muitos idealistas ainda eh mudar a tzava. O mais comum eh a decepcao. Para mudar esse padrao, talvez se deva mudar o sistema do exercito e o tratamento dos soldados. Talvez seja o caso de mudar a educacao anterior ao servico militar. Ou, talvez, como Dana, Michael e Itamar afirmam, o problema esteja na ocupacao. Sera que a solucao esta numa ocupacao mais humana e respeitosa, para o soldado e para a populacao ocupada, ou estes dois conceitos sao paradoxais e nunca vao andar juntos?